quinta-feira, dezembro 31, 2009

Receita de Ano Novo



"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre".

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, dezembro 30, 2009

"Conhece-te a ti mesmo"



O ano vai terminando, a década também.
Comecei a pensar com qual idade eu estava em 1999, onde trabalhava, se estava namorando, essas coisas. Eu ainda tinha 22 anos, trabalhava numa rede de supermercados e deixei esse emprego para ser corretora de planos de saúde; minha avó paterna, com cujo nome fui batizada, retornou à origem; foi ainda nesse ano que deixei de apenas existir e comecei a viver; foi nesse ano que consegui encontrar forças para romper definitivamente uma relação doentia, que me aprisionou por longos e inacreditáveis seis anos. Olhando para trás, parece que foi ontem. Não havia parado para pensar que já se vão dez anos. Nesse período cresci como filha, como ser humano e como mulher. Afinal é essa a função da dor e da desilusão: nos empurrar para frente e abrir nossa visão, que muitas vezes encontra-se cega pela paixão, pela fantasia, pela ilusão e não nos permite ver o que é óbvio. Nesse caso a dor me despertou a procura pelo autoconhecimento. Quando me abri para a Vida, ela me sorriu graciosamente e me apontou o Caminho da espiritualidade. Tive o privilégio de conhecer o Ensinamento da Seicho-No-Ie ainda na primeira metade da década. O véu da ilusão finalmente foi tirado dos meus olhos. Participei de Seminários, Estágio, Conferências e toda a sorte de eventos dentro do Movimento de Iluminação da Humanidade; tive a honra de atuar como Líder, de coordenar um departamento, enfim, de trabalhar pela felicidade do semelhante; fiz amigos, ampliei e tive muitos ganhos pessoais. Passados cinco anos, quero estudar mais, aprimorar meus conhecimentos e me dedicar exclusivamente à Doutrina. O ano de 2009 se encerra com o início de um projeto social, sonho que cultivo há alguns anos. O ano não poderia terminar de melhor maneira para mim.
O ano de 2010 será um ano de finalizações de alguns projetos e inícios de outros. Retorno à faculdade, dedicação aos Estudos Doutrinários, continuidade do projeto social.
Tenho fé que daqui um ano, quando 2010 estiver se encerrando, a instituição estará fundada e o projeto acontecendo a todo vapor.

Que a nova década seja marcada por uma tomada de consciência: ecológica, humana e universal. Que os líderes e governantes possam se dar conta do seu verdadeiro papel enquanto representantes de seus respectivos povos; que a humanidade possa despertar para uma cultura de paz, respeito e coletividade, para que finalmente sejamos dignos de nos considerarmos "humanos".

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Progresso

Não sei ao certo de qual esfera vim, mas certamente não é da mesma que a grande maioria dos seres humanos veio. Desde que me entendo por gente o mundo me parece um lugar sem sentido algum, funcionando por uma lógica insana e alienante. Enquanto grande parte da humanidade se aferroa por bens, posses, posição social e grana, meu sonho de consumo é levar uma vida simples e tranquila, sem ter que carregar tantos fardos. Quero viver simplesmente. Sem me preocupar com o amanhã, com o depois, com o porvir. "A cada dia basta o seu cuidado", diz a Escritura. Quero viver do suor do meu trabalho sem que para isso eu tenha que sacrificar minha saúde, o tempo com a família, com os amigos e comigo mesma.
Se à essa correria frenética e insandecida chamam progresso, por que ele causa estresse, depressão, síndrome do pânico, fobia e tantos outros males? Dentre os vários significados do vocábulo "progresso" podemos encontrar os seguintes, no dicionário: " Adiantamento cultural gradativo da humanidade; melhoramento gradual das condições econômicas e culturais da humanidade, de uma nação ou comunidade; transformação gradual que vai do bom para o melhor". Diante desse dado, coloca-se uma questão a ser ponderada: se determinado padrão de vida provoca uma série de danos psicológicos, emocionais e físicos, onde está o "adiantamento", o "melhoramento"? Dentro dessa perspectiva, apresenta-se mais uma reflexão a considerar: se apenas uma minoria da humanidade tem acesso ao crescimento econômico, à cultura, à educação e à saúde, como pode-se afirmar que há progresso, melhoramento ou adiantamento? Penso que se o progresso econômico e material nos chega desacompanhado de progresso ético e moral, não pode ser assim considerado...
Refletindo sobre a natureza do dinheiro, chega-se à conclusão de que ele nada mais é que um pedaço de papel que não possui valor por si mesmo. O homem é quem lhe atribui valor e por ele se corrompe e se escraviza. Em determinada época da História da humanidade alguém criou a moeda e disse que ela tinha valor; os imbecis do tempo acreditaram. Os que vieram depois tornaram-se seguidores. Estava fundado o "Dinheiroísmo".
Por mim eu viveria tranquilamente em uma sociedade de permuta e escambo. Certamente viveríamos num mundo mais pacífico, mais equilibrado e mais justo e seríamos dignos de sermos chamados de "seres humanos"...